Encontro do GAPZ mostra que o silêncio amplifica o zumbido

“O médico falou que não tinha cura”, comenta Antônio Cardeal de Jesus Santana, 51, ao contar a sua trajetória de busca por um tratamento para o zumbido. Em meados de 1992 Santana começou a perceber o incômodo nos ouvidos e achou que o jeito era se conformar – segundo o seu diagnóstico o problema o acompanharia pela vida toda. “Eu sempre trabalhei em locais barulhentos e frios e associo meus problemas de audição a esse fato. Fiz exames e descobri que perdi 40% da audição e o médico disse que eu tinha que me conformar com o zumbido”, afirma.
No fim do ano passado Santana conheceu o Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ) através da internet, mas decidiu vir à reunião só agora. “Esta é a segunda vez que eu venho e achei muito bom. A tendência é melhorar porque vamos ouvir muitos profissionais e estou descobrindo coisas novas. Antes eu achava que o zumbido causava o problema de audição, mas descobri que isso não é verdade. Tenho um caminho longo pela frente e espero conseguir alguma melhora”, ressalta.
Santana contou a sua história no segundo encontro do GAPZ de 2011, que aconteceu no dia (01), com o tema Como explicar os diferentes graus de incômodo do zumbido, ministrado pela otorrinolaringologista, otoneurologista e coordenadora do grupo Rita de Cássia Guimarães. “Não existe um zumbido igual ao outro e cada indivíduo tem uma intensidade, causas diferentes e um tipo de zumbido. Muitas vezes a orelha é o local onde o zumbido aparece, mas é o cérebro que determina a sua persistência”, explica.
A médica destaca que o silêncio pode ser um amplificador do zumbido, já que sem a presença de outros sons o cérebro acaba prestando ainda mais atenção no problema. “Qualquer pessoa tem a capacidade de detectar uma atividade elétrica nas vias auditivas e interpretá-la como um som. O zumbido é uma atividade elétrica diferente, que não tem origens externas e possui mais de 200 causas. Para descobrir a sua origem é preciso fazer exames específicos, que começam com uma consulta a um otorrinolaringologista especializado”, esclarece.
Rita de Cássia ainda ressalta que o problema atinge 20% da população e por isso ter conhecimento é fundamental. “O GAPZ é uma iniciativa com um único propósito: proporcionar palestras com informações atualizadas sobre o zumbido e ajudar os pacientes a entender que é possível amenizar o problema. Ele é um sintoma e não uma doença e por isso uma investigação criteriosa é essencial para a indicação do tratamento adequado”, aponta.
O GAPZ acontece sempre na primeira sexta-feira do mês, de março a dezembro, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Nas reuniões profissionais de diversas áreas, como odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e otorrinolaringologia, dão esclarecimentos sobre o zumbido. O próximo encontro será no dia 06 de maio, com o tema ‘Aspectos emocionais relacionados ao zumbido’ e será ministrado pela psicóloga Lesle Maciel.

Serviço: Grupo de Apoio às Pessoas com Zumbido (GAPZ),
Local: Anfiteatro de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR
Endereço: Av. General Carneiro, 181 – Centro
Data: 06/05/2011
Horário: 14h-16h

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