Contrações musculares influenciam percepção do zumbido



Quem esteve presente da reunião do Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ) que aconteceu no último dia (05), no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, entendeu o papel do fisioterapeuta no tratamento do zumbido. Mais de 20 pessoas participaram do evento, que conta com o apoio de diversos especialistas para divulgar informações atualizadas sobre o problema. “De cada 100 pessoas, 17 tem zumbido e cerca de 10% dos pacientes com o sintoma sofrem influência das contrações musculares na intensidade do barulho”, destaca Vivian Domit Pasqualin, fisioterapeuta membro do GAPZ que ministrou a palestra deste encontro.
A especialista explica que o zumbido é resultado da interação dinâmica de alguns centros do sistema nervoso, sendo que eles podem ser auditivos e não-auditivos, como é o caso do sistema límbico, responsável pelas emoções, e do sistema somatossensorial, que envia dados para o cérebro sobre as sensações físicas. “Períodos de estresse, tensão, nervosismo, exposição prolongada a sons e contrações musculares fazem com que a percepção do zumbido fique mais aguçada. Não é que o volume dele aumenta e sim o cérebro que presta mais atenção no barulho”, esclarece.
Quando os sinais de mais de um sistema são enviados por um mesmo canal é que alguma coisa está errada. No caso das vias auditivas ficarem sobrecarregadas é o zumbido que pode dar o alerta. “Ao contrair os músculos da face, cabeça, pescoço ou outras partes do corpo o paciente percebe mais ou menos o zumbido e esta movimentação também pode desencadeá-lo. Inclusive pessoas que não tem o sintoma podem modular sons nas vias auditivas por meio de contrações musculares”, aponta.
Pasqualin enfatiza que as questões somatossensoriais podem ser apenas uma das causas do zumbido e é necessária uma investigação rigorosa para determinar o diagnóstico e o tratamento adequado para cada pessoa. “Normalmente quem tem zumbido unilateral, audiometria simétrica e tensão nos músculos da face, cabeça ou pescoço possuem o zumbido somatossensorial, relacionado aos músculos. O tratamento é feito com alongamento, massagem, orientações para soltar os músculos e dicas para evitar que eles fiquem ‘presos’”, evidencia.

GAPZ desfaz mitos e leva informação correta a quem precisa 
Lúcia Costa Fernandes, 56 anos, tem zumbido há mais de um ano e reclama que já foi a vários médicos, fez muitos exames e ainda não descobriu a causa do problema. “Sinto que estala muito, quando eu deito parece que meu coração fica na orelha e tenho muita sensibilidade nos ouvidos. Faço parte de um coral e diariamente faço exercícios de técnica vocal e para mim eles ajudam muito. Agora também estou com tontura e muita dor de cabeça, então vim buscar ajuda”, conta.
Esta é a primeira reunião do GAPZ que Lúcia participou e a paciente afirma que hoje aprendeu muito mais do que já sabia sobre o zumbido. “Eu tenho zumbido, mas eu não o procuro, ele não é meu e eu não quero ouvi-lo. É ótimo quando eu deito e não o escuto, durmo tranquila. E para mim foi excelente saber mais coisas, pois informações corretas nunca são demais. Toda a equipe do GAPZ está de parabéns e sempre que possível eu pretendo voltar”, acrescenta.
A otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, coordenadora do GAPZ, ressalta que o grupo existe para que as informações sejam disseminadas e que quem sofre com o zumbido seja estimulado a procurar tratamento. “É um longo caminho até o diagnóstico correto, a indicação do tratamento e os resultados e muitas vezes os pacientes ficam aflitos e desanimam. Por isso aqui no GAPZ nós mostramos como é importante ir até o fim, pois o zumbido tem tratamento e todos merecem ter esta oportunidade”, considera.
O próximo encontro será no dia 02 de setembro e terá como palestrante o ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, membro do GAPZ. O tema discutido será “A atuação do ortodontista nos pacientes com zumbido”. Além de receber informações dos especialistas que compõe o grupo, os participantes podem tirar dúvidas e compartilhar experiências com os presentes. As reuniões são mensais, acontecem sempre no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, a entrada é gratuita e quem quiser colaborar pode levar um produto de higiene.

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