As consequências da hipersensibilidade auditiva na vida das pessoas.

O GIPZ de junho contou com a palestra da fonoaudióloga Izabella Pedriali de Macedo, que tocou nesse delicado assunto.
Ontem, dia sete de junho, aconteceu a já conhecida reunião do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido (GIPZ), em Curitiba. O Grupo, que é formado pela médica otorrinolaringologista e ortoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, pela fonoaudióloga Izabella Pedriali de Macedo, pela fisioterapeuta Vivian Pasqualin, pela psicóloga Daniela Matheus e pelo ortodontista Gerson Kohler, nesse mês, abordou o assunto “Perda auditiva x Zumbido x Intolerância à sons”, e a palestrante do encontro foi a fonoaudióloga Izabella Pedriali de Macedo.
“A primeira questão a se levar em consideração é: o ouvido é uma estrutura complexa e delicada, formada, principalmente, por três partes principais: o ouvido externo, o médio e o interno”, Izabella começou a explicar. O ouvido externo é o responsável por receber as ondas sonoras. No ouvido médio é onde acontece a transformação dessas ondas em vibrações mecânicas, que serão transmitidas para a próxima parte, o ouvido interno. “O ouvido interno é o responsável pela audição e pelo equilíbrio do corpo. Ali, as vibrações estimulam os receptores e se transformam em impulsos nervosos que vão alcançar o sistema nervoso central, via nervo acústico”, esclarece Izabella.
Quando acontece um problema em qualquer uma das três partes do ouvido, pode existir uma perda auditiva, chamada de hipoacusia, que é caracterizada de acordo com o seu tipo, grau e causa, - e o zumbido é um dos sintomas que pode ser causado por essa perda auditiva gerada por qualquer problema em uma das partes do ouvido. “Sempre vale lembrar que o zumbido é uma consequência, um sintoma de alguma outra patologia. Ele nada mais é do que um som percebido na ausência de qualquer fonte de ruído externo. É preciso entender que não se trata o zumbido, e sim a sua causa”, explica Izabella.
A especialista lembra que 85 a 90% das pessoas que possuem zumbido também sofrem com perda auditiva, e cerca de 25 a 40% de pessoas que sofrem com zumbido também desenvolvem outro problema: a hipersensibilidade auditiva. “Ela é caracterizada quando sons que não atrapalham outras pessoas, mas incomodam aquele indivíduo especialmente de forma que pareça com que o mundo esteja no volume máximo”, descreve Izabella.
A especialista lembra que existem três tipos de hipersensibilidade auditiva, a hiperacusia, a fonofobia/misofobia e o recrutamento auditivo, que foram detalhadamente explicados pela especialista – que também indicou um livro sobre esse assunto aos presentes, chamado de “Tortured by Sound” da escritora Carol Lee Brook, em que a escritora descreve como se sentia ao conviver com a hipersensibilidade auditiva: “Com medo do mundo”.
Izabella comenta que quem sofre com a hipersensibilidade pode sofrer com problemas de isolamento social, problemas profissionais e até no lazer, já que o mundo de hoje é um mundo muito barulhento. A orientação da especialista pra quem sofre com esses tipos de problema (hipersensibilidade ou zumbido) é evitar o silêncio e os tampões de ouvido.
Perguntas dos presentes
Com o auditório praticamente lotado, muitos dos presentes expuseram suas situações e aproveitaram o momento para tirar dúvidas com as especialistas.
José Evangelista da Silva, que participou pela primeira vez da reunião do GIPZ, comentou que sofre com zumbido há cerca de 20 anos e aproveitou para perguntar sobre a relação entre o zumbido e a labirintite. A Dra. Rita Guimarães, coordenadora do GIPZ, prontamente respondeu dizendo que o ouvido interno é conhecido como labirinto, e que a “disfunção do labirinto” é acompanhada de problemas de audição, zumbido, tontura, náuseas e vômito – mas algumas vezes esses sintomas não acontecem todos de uma só vez. Porém, a Dra. lembra que o termo labirintite (inflamação do labirinto) é utilizado erroneamente por muitos especialistas.
Outra presente, Rosemary Brisola Vieira, comentou que sofre com o zumbido há mais de 30 anos, mas que não se incomodava tanto com ele – até começar a sentir uma maior hipersensibilidade auditiva. “Parece que tem um amplificador no meu ouvido. Achei que eu tava ficando louca”, comentou. Rita explicou que, para tratar do zumbido é preciso paciência, tanto do paciente quanto do médico e que o paciente tem o direito de saber qual é a sua doença – “avaluação incompleta favorece diagnósticos incorretos e difucultam a melhora do problema”, ressalta a especialista.

As reuniões acontecem todos os meses na primeira sexta-feira do mês, no 5º andar do Anexo B do Hospital de Clínicas da UFPR, em Curitiba. Os encontros têm início às 14 horas e a entrada é franca.
O próximo encontro acontecerá no dia cinco de julho, terá como tema “Como percebo o meu zumbido” e a palestra vai ser ministrada pela Dra. Rita Guimarães.
O telefone de contato para participar das reuniões e tirar demais dúvidas é o (41) 3225-1665.

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