Envelhecimento auditivo: um problema atual

O processo de envelhecimento do aparelho auditivo é natural, assim como o de qualquer outra parte do corpo. Com o passar do tempo, o tímpano, membrana bastante fina e semitransparente do ouvido médio, perde sua elasticidade e as articulações dos ossículos, também do ouvido médio, tornam-se enrijecidos, afetando a transmissão do som.
"Mas a principal consequência do envelhecimento auditivo é a deterioração irreversível das células ciliadas responsáveis pela audição  localizadas no ouvido interno. Elas não se regeneram e causam uma perda auditiva bastante significativa”, explica a Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães, Otorrinolaringologista e Otoneurologista de Curitiba, PR.
É comum que, após os 50 anos, a capacidade auditiva diminua, tanto devido ao envelhecimento natural quanto a exposição a ruídos ou sons fortes, hábitos errados, - como a má alimentação ou o vício em tabaco, - ou o uso constante de fones de ouvido.
A especialista comenta que, dependendo da causa da perda de audição e também de qual parte do ouvido foi prejudicada, ela pode ser – ou não – irreversível. “Se o problema acontecer no ouvido externo, que é o pavilhão e o conduto auditivo, por exemplo, a possibilidade de recuperação é maior, pois muitas vezes o problema é causado por algum acúmulo de cera ou algo do tipo. Porém, quando o problema é no ouvido médio ou interno a situação se torna mais complicada”, conta.
Para tornar a explicação mais didática e fácil de se visualizada, Rita utiliza a metáfora do piano: “as células ciliadas situadas dentro da cóclea no ouvido interno, que são as responsáveis pela audição, não se recompõem. Ou seja, uma vez que elas são danificadas, assim permanecem. A nossa cóclea funciona como se fosse um piano e as células ciliadas como se fossem as suas teclas. Quando existe algum problema em alguma das teclas, o som do piano não sai da forma correta. E tudo isso acontece dentro do ouvido interno, o local mais difícil de ter os problemas revertidos”.
É sabido que mais da metade dos idosos sofrem com a perda auditiva - dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 70% dos idosos no Brasil têm algum tipo de perda auditiva. Ser um idoso portador de deficiência auditiva é algo que vai além do fato do indivíduo não ouvir bem, pois esse é um problema que pode levar a implicações psicossociais sérias para a vida deste indivíduo e para os que convivem com ele.
As frustrações enfrentadas por ele devido à incapacidade de compreender o que os familiares e amigos estão falando tornam-se um desafio. “Portanto, muitas vezes é mais fácil para o idoso afastar-se das situações nas quais ocorra a comunicação ao invés de enfrentar embaraços decorrentes da falta de compreensão ou respostas inapropriadas. Devido a isso, muitas vezes eles isolam-se, tornam-se menos tolerantes e podem até sofrer com depressão”, explica Rita.
Porém, a nova geração vem apresentando problemas auditivos cada vez mais cedo. Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais da metade dos adolescentes entrevistados se disseram “dependentes” de fones de ouvidos, e coincidentemente ou não, todos apresentaram três dos principais sintomas de perda de audição: ouvir constantemente zumbidos, aumentar o volume da TV e do rádio e dizer “Hein!?”, “Hã?!” e “O quê?!” durante conversas normais e em ambientes pouco ruidosos.
O que isso significa? Que esses adolescentes já apresentam ou irão apresentar, em um tempo menor do que antigamente, ou seja, antes da velhice, problemas auditivos.
Para evitar esses problemas, a dica é manter a carteira de vacinação em dia, fazer um teste audiológico pelo menos a cada cinco anos, evitar locais muito ruidosos que exijam a elevação do tom de voz, evitar ouvir música em volume muito alto – principalmente com fones de ouvido, - usar protetores auditivos sempre que frequentar ambientes com barulhos extremos, nunca pingar remédios ou fórmulas caseiras dentro do ouvido sem indicação médica e não utilizar em hipótese nenhuma objetos pontiagudos para limpar a orelha, pois eles podem machucar o tímpano.

Comentários