Enriquecimento sonoro pode ser eficaz no tratamento do zumbido

Estratégia ensina o cérebro a filtrar o ruído e paciente deixa de percebê-lo, melhorando sua qualidade de vida.

Na próxima sexta-feira (04/11) o Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ) irá reunir especialistas para discutir o tema ‘Terapia sonora para o zumbido’ com portadores de zumbido. O encontro será no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, a partir das 14 horas. Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista e otoneurologista coordenadora do GAPZ será a palestrante. “A presença das pessoas que sofrem com zumbido é de extrema importância, pois o conhecimento contribui para o tratamento do problema”, ressalta.
O zumbido pode ser caracterizado como um som ouvido nos ouvidos ou na cabeça que surge sem a presença de uma fonte externa. O fato de ouvir um ruído que ninguém mais ouve já assusta o paciente em um primeiro momento. A persistência do barulho e a sua presença durante o dia e a noite pode comprometer a qualidade de vida do indivíduo. “Estimativas apontam que aproximadamente 15% dos pacientes sentem incômodo por causa do zumbido e 5% sofrem com o zumbido incapacitante, que afeta o convívio social e profissional”, explica.
O ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, membro do GAPZ, observa que mais de 200 fatores podem causar zumbido e por isso a investigação deve ser minuciosa, partindo das causas mais comuns, como a perda de audição, e seguindo até encontrar todas as patologias que estão relacionadas com o ruído. “Quem sofre com zumbido deve procurar em primeiro lugar um otorrinolaringologista. Se este especialista descartar, com o auxílio de diversos exames, os principais fatores que podem levar ao zumbido, o paciente é orientado a buscar ajuda de outros profissionais”, afirma.
Devido à interdisciplinariedade que o tratamento do zumbido exige, o GAPZ é formado por diversos especialistas das áreas da otorrinolaringologia, psicologia, ortodontia e ortopedia facial, fisioterapia e fonoaudiologia. “Todo o tratamento é feito com base nas causas diagnosticadas. Mais de um fator pode causar o zumbido e todos eles devem ser tratados. Alimentação, hábitos de vida e saúde auditiva são apenas alguns elementos que fazem parte da conduta para o tratamento do ruído”, esclarece Rita, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR.
Uma das estratégias utilizadas no tratamento do zumbido é a Terapia de Retreinamento do Zumbido (TRT). O principal objetivo é enriquecer a audição do paciente com o uso de determinados sons. “A maioria dos pacientes relata que o zumbido é mais perceptível à noite, quando tudo está em silêncio. Realmente a falta de sons aumenta a percepção do ruído, pois não há concorrência para que o cérebro preste atenção em outros barulhos. Esta terapia possui resultados positivos somente para os casos indicados, ou seja, nem todos se beneficiam deste tratamento”, enfatiza.
A Terapia Sonora para o Zumbido é considerada uma abordagem definitiva, com duração entre 18 e 24 meses. O objetivo é reprogramar o cérebro para que ele aprenda a filtrar o zumbido. “Desta forma ele não percebe mais o ruído e o paciente consegue ter uma melhora na sua qualidade de vida. Cada etapa da terapia é importante, mas as orientações dadas quando o paciente aceita o tratamento são essenciais. É preciso minimizar as reações negativas em relação ao zumbido”, destaca.
Junto com as orientações o paciente é submetido a um enriquecimento sonoro direcionado, pois não é qualquer barulho e nem qualquer volume que é indicado neste processo. “O ruído na TRT deve ser sempre mais baixo do que o zumbido, contínuo e monótono. Com o passar do tempo o cérebro descarta o sinal que codifica o zumbido e ele deixa de ser uma ameaça ao paciente. Todo o tratamento é acompanhado de perto pelo médico, que analisa o progresso e os resultados. Se as respostas não forem satisfatórias são indicadas outras estratégias”, acrescenta Rita.
Outra estratégia utiliza o Neuromonics. É um método novo, que já está disponível em Curitiba, e é considerado o mais recente no que diz respeito a terapia sonora para o zumbido. “O paciente estimula as suas vias auditivas por meio de fones de ouvido, com som neutro e uma música armazenados em um cartão de memória, gravado conforme o perfil de audição de cada indivíduo. O uso deve ser feito em alguns momentos do dia, conforme as orientações médicas. O tratamento dura de seis a oito meses”, declara.
Este método promove o enriquecimento sonoro nas vias auditivas, desfoca a atenção do cérebro no zumbido e induz o relaxamento com sensação de controle sobre o ruído nos momentos de maior incômodo. “Eu passei uma semana em Denver, cidade localizada no Colorado, Estados Unidos, para me socializar com esta nova técnica. Com o treinamento estou apta a oferecer este tratamento aqui no Brasil”, observa a médica, que participou no último sábado (29/10) do XI Congresso Brasileiro de Clinica Médica, na Expo Unimed, sobre tonturas e vertigens.

GAPZ
O Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ) tem a missão de informar e atualizar as pessoas sobre o que é, as causas, consequências e tratamentos para o zumbido, visando melhorar a qualidade vida e dar esperança a quem sofre com o problema.
As palestras contam com especialistas de diversas áreas como médicos otorrinos, odontologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas, que dão orientações e esclarecem as dúvidas dos presentes.
Os encontros do GAPZ acontecem todas as primeiras sextas-feiras do mês, no 5º andar do anexo B do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, a partir das 14 horas. O evento é aberto para qualquer pessoa, a entrada é gratuita e quem quiser colaborar pode fazer a doação de um produto de higiene pessoal. Mais informações sobre o próximo encontro podem ser obtidas através do fone (41) 3225-1665 .

Serviço: Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido
Próximo encontro: 04 de novembro de 2011
Tema: Terapia Sonora para o zumbido
Palestrante: Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista, otoneurologista e coordenadora do GAPZ Curitiba
Horário: a partir das 14h
Local: 5º andar anexo B do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
Agendamento de presença e mais informações:             (41) 3225-1665      
Entrada livre

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