Vamos conversar sobre saúde auditiva?
A juventude é uma das melhores fases da vida no que
diz respeito ao desenvolvimento corporal. Os jovens têm o organismo
completamente desenvolvido e funcionando a todo vapor. Mas isto não significa
que a saúde não precisa de cuidados, especialmente os ouvidos. A
otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães afirma que as novas
tecnologias e o estilo de vida dos jovens atuais favorecem a perda de audição.
“A exposição intensa a sons altos é uma das principais causas de
perda auditiva”, aponta.
Os hábitos de risco têm aumentado o número de jovens
nos consultórios e as queixas mais comuns são diminuição da audição e zumbido.
“Muitas vezes eles apresentam problemas de audição antes mesmo do que seus pais
e avós e isto é extremamente preocupante”, alerta a médica, especialista em
otoneurologia e responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade
Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná (UFPR).
Rita aponta que os ouvidos sofrem em casa, no trabalho,
no trânsito e até nos momentos de lazer. Em casa, o volume da televisão, do
rádio e dos eletrodomésticos vão minando aos poucos a audição. As pessoas
investem cada vez mais em aparelhos potentes para assistir filmes e ouvir
músicas. A diversão e os danos aos ouvidos são garantidos. “A orientação da
Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o som não passe de 85
decibéis (dB). Neste volume a exposição deve ser no máximo de oito horas para
assegurar que não haja malefícios asaúde auditiva. A recomendação é
adquirir eletrodomésticos e eletroeletrônicos com certificação para que eles
gerem um ruído que seja em um nível aceitável”, alerta a especialista.
No trabalho, vários agentes nocivos estão relacionados
à perda de audição. O ruído está presente na maioria dos processos industriais,
máquinas, motores e ferramentas. Mesmo que a exposição não seja constante, há
grandes riscos para o trabalhador. “Para evitar lesões nas células ciliadas da
cóclea, órgão do ouvido, é recomendado usar protetores auriculares e descansar
a audição sempre que possível. Produtos químicos, metais pesados, solventes e
radiações ionizantes podem agravar os problemas auditivos”, observa à médica,
mestre em clínica cirúrgica pela (UFPR).
O trânsito é outro responsável pela piora da audição.
O vai e vem dos carros gera um barulho de no mínimo 85 dB e a buzina,
aparentemente inofensiva, provoca um ruído de 100 dB – neste volume a exposição
deve ser de no máximo uma hora. Pessoas que passam várias horas por dia no
trânsito são os que mais correm perigo. “Os sintomas da
perda auditiva surgem quando o quadro já está avançado. Em média, uma
pessoa que tem o problema leva sete anos para procurar ajuda e dar início ao
tratamento, reduzindo as possibilidades de recuperação”, destaca.
As baladas, shows e as sessões de cinema também fazem
parte da lista dos vilões da audição. Em casas noturnas, onde o barulho fica na
faixa dos 120 dB, a permanência não deveria ultrapassar seis minutos. “Qualquer
lesão nas células auditivas é irreversível e não há um processo de reposição do
corpo quando elas morrem. Ou seja, somado ao envelhecimento e a morte natural
destas células, o ser humano ainda corre o risco de ouvir menos se ficar
exposto por longos períodos em faixas de som muito altas. A prevenção é o melhor
caminho”, enfatiza.
Os cuidados com os ouvidos devem ser constantes,
independentemente da idade. As crianças, jovens e adultos precisam ter
consciência dos riscos que o cotidiano está trazendo para a audição. Sem contar
com os perigos da tecnologia, como os celulares e fones de ouvido. “Para
detectar qualquer nível de perda auditiva de maneira precoce, o
recomendado é fazer a audiometria anualmente. Exames complementares podem ser
solicitados se houver alguma alteração nos resultados e o acompanhamento é
fundamental”, finaliza.
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