Diagnosticando a Labirintopatia


A vertigem é considerada um dos principais sintomas dos distúrbios que atingem o labirinto. Esses distúrbios também são denominados labirintopatias ou doenças do labirinto e prejudicam a audição e o equilíbrio corporal. “O labirinto fica localizado no ouvido interno e é esculpido no osso temporal, um dos ossos que formam o crânio”, explica a médica Rita de Cássia Cassou Guimarães, especialista em otorrinolaringologia e otoneurologia e responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
Segundo Rita, a vertigem é caracterizada como um tipo de tontura rotatória. O sintoma atinge 33% das pessoas em algum momento da vida e o problema se agrava na terceira idade – o percentual de pessoas com mais de 65 anos com vertigem ultrapassa os 60%. “A vertigem está ligada a perturbação do equilíbrio do corpo e afeta principalmente as mulheres e os idosos. No início a tontura rotatória não é levada a sério, mas mesmo sendo uma sensação momentânea é um sinal de que há a presença de uma doença crônica”, esclarece a otorrinolaringologista.
As labirintopatias podem ser agudas ou crônicas e em casos avançados comprometem a qualidade de vida do doente. Com medo de sofrer alguma crise ou insegurança por causa do problema, o paciente acaba se isolando e evita sair de casa, praticar atividades físicas e manter o contato com outras pessoas. “O suporte da família é essencial neste momento e tão importante quanto este apoio é o diagnóstico correto e o tratamento adequado da doença”, observa Rita, mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
As quedas frequentes são outra queixa dos pacientes com labirintopatias, especialmente entre os idosos. A vertigem é a grande culpada nestes casos, pois os distúrbios vestibulares dificultam o controle postural, provocando instabilidade e desequilíbrio. “Na terceira idade as quedas são mais preocupantes, pois podem causar ferimentos mais graves, incluindo a fratura de ossos. Com receio de cair, muitos idosos acabam ficando sedentários pela ausência de movimentos, implicando no surgimento de outros males, como o excesso de peso”, destaca.
O ideal é procurar ajuda médica assim que os sintomas surgirem. Além da vertigem, zumbido, náuseas, vômitos, instabilidade e problemas auditivos fazem parte dos sintomas que afetam quem sofre com as doenças do labirinto. “A tontura pode ser o indício de outras doenças, mas em 85% dos casos o diagnóstico é de algum tipo de labirintopatia. Entre as causas estão infecções, tumores, envelhecimento, doenças metabólicas, distúrbios vasculares, alergias e deficiências nutricionais, principalmente a ausência de ferro e zinco no organismo”, enfatiza.
Para identificar o problema, o especialista leva em consideração o histórico clínico do paciente e analisa a duração, intensidade e frequência das vertigens. A avaliação otoneurológica e exames físicos complementam o diagnóstico. “É realizada uma investigação rigorosa para saber de maneira exata o que está provocando os sintomas. Mais do que isso, o médico busca verificar o que levou o paciente a esta condição. O paciente é avaliado ainda por meio de exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância magnética e exames funcionais como a vídeonistagmografia”, detalha.
A vídeonistagmografia é um sistema de análise computadorizada utilizado para avaliar os distúrbios do equilíbrio corporal. Os movimentos oculares são examinados e registrados em vídeo, permitindo a localização da lesão vestibular e o diagnóstico da causa. Essa, conforme a explicação de Rita, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba),  permite uma análise mais rápida e assertiva, já que os cálculos são feitos automaticamente. No Paraná existe apenas um aparelho com este sistema, considerado de extrema importância em casos de distúrbios do equilíbrio.

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