Dificuldades Auditivas
Mais de dez milhões de brasileiros possuem algum tipo
de deficiência auditiva, segundo dados do Censo 2018, realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total, 2 milhões apresentam
deficiência auditiva severa e 1 milhão são jovens até os 19 anos. “A perda de
audição é irreversível, já que não é possível reverter as lesões que causaram o
comprometimento das estruturas do ouvido interno”, destaca a
otorrinolaringologista e otoneurologista, Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães.
O envelhecimento é umas das principais causas da perda
de audição. Conforme a idade avança, as células auditivas envelhecem e morrem e
não há a reposição destes componentes. Com a redução no número das células
ocorre a perda auditiva de maneira progressiva. “O indivíduo não percebe quando
este processo tem início e só se dá conta de que a audição está reduzida quando
a situação está avançada. É fundamental ficar atento aos sinais que apontam
alguma alteração auditiva, como dificuldades para ouvir sons na mesma altura do
que outras pessoas e falar alto demais”, aponta.
Outros indícios da perda de audição são zumbido,
problemas para entender a fala e sensação de tontura. A audição ainda pode ser
comprometida pela exposição intensa a ruídos, seja no trabalho ou no lazer como
as baladas do fim de semana. Os cuidados com os ouvidos devem ser constantes
para adiar o comprometimento das vias auditivas. “As pessoas que trabalham em
locais com barulho intenso devem usar protetores auriculares. Este recurso
ajuda a evitar a perda auditiva e a proteger os ouvidos de possíveis lesões que
o ruído pode causar”, recomenda.
Apenas os sons que atingem até 85 decibéis (dB) são
considerados toleráveis. Se este limite for ultrapassado – conforme o tempo de
exposição e a intensidade sonora – pode haver comprometimento nas estruturas
auditivas. “A perda auditiva prejudica não apenas a parte física, mas também
afeta aspectos psicossociais. O paciente fica constrangido por não conseguir se
comunicar normalmente e acaba se isolando. Afastado socialmente e sem a atenção
adequada da família e dos amigos, o indivíduo se sente solitário e na maioria
das vezes o quadro evolui para um estado depressivo”, observa.
Para detectar qualquer alteração na audição é
necessário ir a uma consulta com um otorrinolaringologista, profissional que
possui conhecimentos aprofundados sobre os ouvidos, seu funcionamento e suas
doenças. “O problema pode ser identificado já na consulta inicial, mas mesmo
assim é preciso fazer o exame audiométrico, que permite um diagnóstico mais
concreto. Outras avaliações complementares também podem ser solicitadas, com o
objetivo de analisar melhor a situação e indicar o tratamento mais adequado”,
enfatiza.
Existem várias estratégias de tratamento da perda
auditiva, sendo que a indicação de uso de aparelhos auditivos é a mais comum.
Cerca de 95% dos pacientes conseguem se beneficiar da amplificação sonora, que
está cada vez menos visível, invasiva e mais eficaz. “Cada caso é único e por
isso estão disponíveis no mercado vários modelos diferentes, que atendem a
variadas necessidades”, afirma a médica, responsável pelo Setor de
Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Os aparelhos auditivos são adaptados nos ouvidos de acordo
com o grau de perda de audição e a vida auditiva do paciente. Existem modelos
colocados atrás da orelha, chamados de adaptação aberta, que não são visíveis
quando se olha de frente ou de perfil e modelos fabricados de acordo com o
tamanho do ouvido do paciente, por meio do molde do conduto auditivo. Com o
avanço da tecnologia, alguns dispositivos não requerem mais a pré moldagem para
garantir conforto ao usuário. “O aparelho é indicado dentro de um tratamento
completo, que exige seleção, adaptação e acompanhamento. A regulagem
deve ser feita periodicamente para assegurar a eficácia deste recurso
e casos com maior dificuldade de compreensão dos sons da fala requerem
treinamento auditivo após a adaptação dos aparelhos auditivos”, acrescenta Rita,
mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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