Como o zumbido pode afetar a qualidade de vida



Som constante do canto de uma cigarra, do apito de uma panela de pressão, barulho do chuveiro, cachoeira, insetos em geral, etc. É assim que as pessoas que sofrem com zumbido no ouvido descrevem o som que ouvem diariamente, cada uma de uma forma diferente. Trata-se de um barulho que está sempre lá – que até pode passar despercebido às vezes, mas que em outras ocasiões chega a ser enlouquecedor, principalmente quando o indivíduo encontra-se em algum ambiente silencioso.

"Estimativas revelam que em 80% dos casos o zumbido é bloqueado pelo cérebro e o indivíduo não sente incômodo. Porém, em cerca de 15% dos casos, os pacientes sentem indisposições com o zumbido e 5% dos indivíduos têm o chamado 'zumbido incapacitante', que compromete a vida profissional, social e a saúde", aponta a Dra. Rita de Cássia.

A especialista explica que o zumbido é percebido de maneira subjetiva e individual, ou seja, cada indivíduo o sente de uma forma diferente, por isso, os tratamentos nem sempre são iguais. “É preciso avaliar a (ou as) causa(s), o grau do zumbido, o tempo que ele existe, etc. São tudo questões que podem interferir no tratamento – e o paciente precisa entender isso e não ficar impaciente”, comenta.

Rita lembra que nove em cada dez pacientes que sofrem com zumbido possuem perda auditiva, "mas vale sempre lembrar que o zumbido não causa surdez, mas a surdez pode provocar zumbido", diz. Envelhecimento, exposição a ruídos, medicamentos, doenças e até traumas cranianos podem causar alguma lesão na estrutura do ouvido, que podem acarretar na perda de audição e, então no zumbido.

Mas esse sintoma também pode ter suas razões no emocional. Depressão, estresse, frustração, nervosismo, etc., podem causar o problema. “É possível explicar isso de forma clara: em situações de muito estresse ou ansiedade ocorrem mudanças bioquímicas cerebrais que intensificam a percepção sonora. Alguns indivíduos podem exagerar nos apertamentos da musculatura mastigatória (como o bruxismo), que causam a compressão de áreas vascularizadas próximas aos ouvidos, e os sinais enviados ao cérebro são interpretados como zumbido”, explica Rita.

Dessa forma, o zumbido, além de precisar de calma para ser tratado – tanto pelo paciente quanto pelos médicos, já que pode ser necessário uma equipe interdisciplinar para descobrir e tratar o problema, - muitas vezes “tira o paciente do sério”, e afeta a sua vida de forma mais impactante do que deveria, tirando as suas horas de sono e sua qualidade de vida. “Associado ao tratamento é preciso tirar o foco do zumbido. Ele não pode ser o foco da vida de ninguém. É preciso fazer o que se gosta, deixar de lado esse ‘barulhinho’, pôr ele em seu lugar. Ele não pode tomar conta de sua vida”, conclui Rita.

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